quarta-feira, 27 de agosto de 2014





O cigarro industrializado se disseminou feito praga pela Europa e pelas Américas, especialmente a partir da Primeira Guerra Mundial. A publicidade associava-o a um hábito elegante e sofisticado de viver e, dependendo do contexto, a uma forma de inserção social. Em “Casablanca”, clássico do cinema romântico americano, rodado em 1943, em plena Segunda Grande Guerra, são inesquecíveis as cenas em que o carismático e talentoso Humphrey Bogart dá longas tragadas ao som de “As time goes by”.
Entretanto, nos anos de 1950, alguns trabalhos começaram a demonstrar que o cigarro era capaz de provocar câncer em animais, constatação que as companhias tabaqueiras lutaram por desqualificar. Investindo maciçamente em tal propósito, durante muitos e muitos anos, atingiram seu objetivo. No início da década de 1970, porém, vozes se levantaram contra tamanho absurdo e chamaram atenção para os males que o cigarro provoca. No Brasil, o professor José Rosemberg foi o primeiro a veicular esse conhecimento e a engajar os médicos na luta contra o tabagismo.

CRUZADA ANTITABAGISTA

DrauzioO senhor começou essa cruzada antitabagista nos anos 1970. O que o levou a perceber que o cigarro era um problema gravíssimo de saúde pública?

José Rosemberg – Como médico, sabia que o cigarro era mortal, mas não dedicava tanto tempo a divulgar essa informação, porque minha especialidade é a tuberculose. Todavia, em 1970, um amigo dinamarquês, que era presidente e diretor da Organização Mundial de Saúde, me pediu para divulgar na classe médica a importância do combate ao tabagismo, uma vez  que a OMS pretendia lançar o primeiro Dia Mundial de Combate ao Tabagismo (31 de maio). Atendendo ao seu pedido, consegui aprovar a primeira Semana Universitária Antitabágica na PUC/SP, que se transformou num grande fórum de discussão a respeito desse tema.
Nessa ocasião, escrevi um artigo de mais ou menos vinte páginas sobre tabagismo e coloquei numa gaveta. Quando o reli, vi que ele não convenceria nem mesmo os médicos interessados no assunto. Redigi, então, uma monografia que foi publicada no primeiro número especial da revista da PUC/SP. A essa publicação seguiu-se “Tabagismo: Sério Problema de Saúde Pública”, laureado pela Academia Nacional de Medicina, o primeiro livro científico brasileiro sobre o tabaco como grave problema de saúde pública. Daí em diante, tenho me dedicado a campanhas de esclarecimento junto à classe médica a respeito do tabagismo.
Atualmente, sou presidente da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira, que tem alcance muito grande, e membro da Comissão Antitabagismo criada pelo Conselho Federal de Medicina. Sou também presidente honorário da Comissão Latino-Americana Antitabágica e presidente do Comitê Coordenador do Tabagismo no Brasil. Esses cargos facilitam meu contato com os médicos e, de vez em quando, com o público leigo como está acontecendo nesta entrevista, que considero muito importante para informar a população sobre os prejuízos que o cigarro provoca.

INDÚSTRIA DO FUMO

DrauzioNos anos 1970, quando o senhor começou esse trabalho, como os médicos recebiam a informação de que o cigarro era mortal?

José Rosemberg – A maioria com muito interesse. Havia médicos fumantes que, evidentemente, se interessavam menos. Em 1985, conseguimos formar a primeira comissão junto ao Ministério da Saúde (éramos oito ou dez médicos, mas gostaria de nomear os professores Mário Rigatto, Edmundo Blundi). Tínhamos o trabalho clandestino de elaborar um programa antitabaco. O ministro da saúde da época, Valdir Arcoverde, nos disse – “Quero que vocês apresentem um programa de combate ao fumo, mas, pelo amor de Deus, não digam nada a ninguém, porque a sabotagem contra ele vai ser grande e não tenho meios para combatê-la”. Desse modo, durante um ano, nos reunimos em sigilo, uma vez por mês, em Brasília, elaboramos o primeiro Programa Nacional de Combate ao Tabagismo e José Sarney, presidente da república na época, sancionou o projeto que instituía o dia 29 de agosto como Dia Nacional de Combate ao Tabagismo.

DrauzioA pressão violenta que levava o ministro da saúde a pedir que o trabalho fosse feito em sigilo era basicamente exercida pela indústria do fumo que na época controlava os meios de comunicação?

José Rosemberg – A indústria tabaqueira internacional – todas elas são multinacionais – controlam os meios de comunicação do mundo. Para ter uma idéia, o programa do congresso norte-americano contra as companhias tabaqueiras fez vir à tona mais de 40 milhões de páginas de atas secretas nas quais, desde 1945, estavam registrados pronunciamentos de técnicos e biólogos a respeito da dependência da nicotina como mais forte do que a da cocaína e heroína. Portanto, muito antes da ciência oficial, a indústria do tabaco já dominava esse conhecimento.
No entanto, ela continuou trabalhando para conseguir geneticamente plantas de tabaco que produzissem maiores teores de nicotina e obtiveram a espécie Y1. As primeiras duzentas toneladas foram plantadas no Rio Grande do Sul, e o próprio plantador percebeu a força que tinha essa planta, chamada de tabaco louco ou fumo louco, pelas lesões que provocava na pele. Felizmente, o governo brasileiro se recusou a conceder patente para tal produto e o mesmo fez o governo norte-americano. No entanto, neste momento, 21 países do mundo fabricam cigarros com fumo louco, que têm teor de nicotina três vezes maior do que o tabaco comum. E o pior, trata-se de nicotina livre, que vai diretamente para o cérebro e é diferente da nicotina presa por sais minerais. Como se vê, o mundo está sendo invadido pelo fumoY1, uma droga psicoativa muito mais difundida e consumida do que a cocaína, a heroína e outras drogas pesadas.

PANDEMIA DO TABACO

Drauzio Em seu livro ” Nicotina -  Droga Universal”, o senhor se refere à epidemia do tabaco como um problema mundial.

José Rosemberg – Mostro nesse livro que se trata de uma pandemia sem igual. De fato, podemos dizer que a epidemia moderna do tabaco é pior do que qualquer outra. Vou dar um exemplo. Nos últimos 30 anos, o HIV matou, em média, vinte milhões de pessoas no mundo e o bacilo da tuberculose, 60 milhões, enquanto o tabaco matou 150 milhões, ou seja, cinco milhões de pessoas no mundo morrem por ano por causa do tabaco. O mais triste é que 80% da mortalidade ocorrem no mundo pobre.
Em números redondos, atualmente existem no mundo um bilhão e trezentos milhões de fumantes, 80% dos quais concentrados nas áreas onde ainda não foram dominadas as doenças transmissíveis por bactérias e vírus e as doenças carenciais por desnutrição. Somem-se a elas os problemas de saúde pública e as mais de 50 doenças relacionadas com o tabaco e teremos traçado um panorama trágico.

COMPONENTES DO TABACO

DrauzioNa verdade, são muitas as substâncias tóxicas contidas no tabaco.

José Rosemberg – Sabe-se, hoje, que o tabaco possui mais de sete mil substâncias tóxicas diferentes. O público leigo e muitos médicos pensam que o fumo contém apenas nicotina e alcatrão. Nicotina é a droga que leva à dependência (se não fosse ela, ninguém fumava) e tem a peculiaridade de não ser comprada pura como a cocaína e a heroína. Ninguém compra um grama de nicotina no bar; compra um maço de cigarros, que carreiam consigo sete mil substâncias tóxicas, 4.720 das quais classificadas nas quatorze famílias químicas. Quando o cara dá aquela tragada que lhe parece tão gostosa, a fumaça que penetra até no último de seus alvéolos está carregando pelo menos 2.500 substâncias tóxicas.

DrauzioEssa fumaça está em que temperatura, professor?

José Rosemberg – Essa é uma pergunta importante. Muitas dessas substâncias não estão no tabaco. São compostas e decompostas na boca do fumante. A temperatura, que pode variar entre 900 e 1.200 graus conforme a força da tragada, é responsável pela formação de muitas substâncias cancerígenas, por exemplo. A nicotina em si não é cancerígena, mas provoca câncer por vários mecanismos.

Drauzio O senhor poderia mencionar as principais doenças causadas pelo tabaco?

José Rosemberg – Hoje, não há um livro de medicina que deixe de mencionar os problemas de saúde causados pelo tabaco. Em primeiro lugar, vêm as doenças cardiorrespiratórias. Se, no geral, 33% dos infartos fulminantes são provocados pelo tabaco, nos indivíduos entre 45 e 55 anos, esse número sobe para 50%.
A partir dos 50 anos de idade, 25% dos derrames cerebrais têm como causa o tabaco e não há quem não saiba que o derrame cerebral pode levar à morte ou à paralisia. Além disso, 85% dos casos de bronquite crônica, enfisema, uma enfermidade que destrói o pulmão e não tem cura, se devem ao hábito de fumar. E não é só: essas doenças deixam o pulmão mais vulnerável às infecções viróticas e bacterianas, como gripe, AIDS, tuberculose, etc.
Por causa da diminuição da capacidade imunológica dos macrófagos (células que garantem a imunidade) que o tabaco provoca, 90% dos cânceres de pulmão são causados pelo tabaco e os 10% de não fumantes que contraem a doença são fumantes passivos. E tem mais: todos os outros tipos de câncer têm a incidência aumentada entre 30% e 50% nos fumantes. Portanto, casos de câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rins, bexiga, leucemia mieloide e, nas mulheres, câncer de colo do útero e de mama, estão aumentando nas pessoas que fumam.
Ninguém mais discute que o tabaco é mortal. Na verdade, ele é o único produto que mata quando consumido como manda a propaganda.

PESQUISA NA INGLATERRA

Drauzio Não resta mais dúvida de que o fumante vive menos.

José Rosemberg – Que o cigarro encurta a vida, não há mais dúvida. Estatísticas no mundo inteiro atestam esse fato. A propósito, gostaria de citar um estudo realizado, em 1951, com 34.439 ingleses. Eles responderam um questionário de mais de trezentas perguntas sobre como viviam, que medicamentos tomavam, se eram portadores de doenças hereditárias, onde moravam, se eram fumantes ou não, se acendiam o cigarro com fósforos ou com isqueiro, etc. Como na Inglaterra, quando morre um médico, cópia do atestado de óbito vai para o Conselho Britânico de Pesquisas, foi possível verificar, depois de 40 anos de acompanhamento, que os médicos ingleses fumantes morreram mais do que os não fumantes por 33 diferentes doenças.
Outro dado obtido foi que 80% dos médicos que nunca fumaram chegaram vivos aos 70 anos. Entre os fumantes chegaram aos 70 anos 70% dos que fumavam 15 cigarros por dia; 65% dos que fumavam um maço de cigarros e 50% dos que fumavam dois maços. Recentemente, no British Medical Journal, saiu o resultado dessa pesquisa depois de 50 anos de acompanhamento e verificou-se uma diferença no índice de mortalidade dos médicos ingleses que começaram a fumar no começo do século comparados com os que começaram a fumar depois dos anos de 1930. A conclusão foi que hoje se morre três vezes mais por causa do cigarro, porque se fuma muito mais do que se fumava no começo do século.
O impressionante é que 1/3 da mortalidade geral é provocada pelo tabaco e ocorre entre os 34 e os 69 anos, idade em que o homem é mais necessário e economicamente produtivo, e que nessa faixa de idade morre um a cada dois que começaram a fumar na adolescência.

DrauzioO que acontecerá se esse padrão de consumo não mudar?

José Rosemberg – Hoje, morrem por ano cinco milhões de pessoas por causa do tabaco. Se o padrão de consumo não se reverter, em 2030, morrerão dez milhões por ano, dos quais sete milhões no mundo pobre e três milhões no mundo rico.
Vale a pena discutir essa inversão. A epidemia está se deslocando do mundo rico para o mundo pobre, para a África, Ásia e América Latina, por algumas razões que vou enumerar.
Como as pessoas do mundo rico começaram a fumar antes, já existem campanhas e leis muito mais severas contra o uso do tabaco. Como consequência, as companhias tabaqueiras internacionais estão dirigindo seus esforços para os países em desenvolvimento. Por isso, enquanto o consumo cai 1,7% ao ano nos países ricos, aumenta 2,45% nos pobres. Isso quer dizer que cem milhões de pessoas começam a fumar por ano: oitenta milhões no mundo pobre e vinte milhões no mundo rico.
Se fumar fosse dar uma tragada e cair morto, ninguém fumava. O cigarro leva algum tempo para minar o organismo. Age na surdina. Daqui a dez ou vinte anos, portanto, muito mais gente vai morrer no mundo pobre por causa do tabaco.

DOENÇA PEDIÁTRICA

DrauzioOutro problema é que as pessoas estão começando a fumar cada vez mais cedo.

José Rosemberg – Atualmente se considera a epidemia tabágica uma doença pediátrica, porque 99% dos fumantes começam a fumar na adolescência, entre os 10, 12 anos e os 18 anos, quando os centros nervosos ainda não estão totalmente desenvolvidos. Excepcionalmente, um indivíduo começa a fumar aos 20, 25 anos.
A nicotina chega ao cérebro de 7 a 12 segundos depois da tragada. Lá existem vários centros nervosos que a reconhecem e promovem uma chuva de hormônios psicoativos que levam à dependência. O principal deles é a dopamina. Como no adolescente esses centros ainda não estão maduros, a defesa é muito menor e ele se torna dependente mais depressa. Aos 19 anos, 99% dos fumantes são escravos do tabaco até a morte.

FUTURO TRÁGICO

Drauzio Existe uma projeção de como evoluirá a epidemia do tabaco?

José Rosemberg – Existem no mundo de dois bilhões e meio a três bilhões de pessoas entre zero e trinta anos. Em 2030, elas terão de 35 a 69 anos. Se nada for feito para reduzir o consumo de tabaco, ele será responsável pela morte de 500 milhões de pessoas. Por isso, as instituições médicas e de saúde pública do mundo inteiro estão prevendo um futuro trágico para a epidemia do tabaco.
A pergunta é por que não se proíbe fumar e vender tabaco. Porque é impossível, uma vez que existem no mundo mais de um bilhão de indivíduos nicotino-dependentes. Como fazer essa gente toda parar de fumar?
Há 500 anos, o tabaco vem sendo apresentado como sinônimo de estilo de vida e se fuma muito, mas faz só 50 anos que se sabe que ele mata. Na verdade, o fumante é vítima dessa epidemia. Não podemos estigmatizá-lo.

CONVENÇÃO-QUADRO SOBRE O TABAGISMO

DrauzioO que o senhor acha que deve ser feito para reverter esse quadro?

José Rosemberg – A saída é um programa educacional em âmbito nacional que leve a mensagem e uma campanha mundial contra o tabagismo. Na Organização Mundial de Saúde, 192 países e 200 ONGS, entre elas a que presido, assinaram um convênio que se chama Convenção-Quadro sobre o Controle do Tabaco que resultou no primeiro tratado de saúde pública mundial de prevenção, o primeiro sobre tabagismo. Se 40 países não fizerem a ratificação desse documento, ele não poderá ser transformado em lei internacional para proteger a população do mundo contra os efeitos nocivos do tabaco. Entre as medidas que defende, estão a proibição da propaganda de cigarro, do patrocínio de eventos culturais e esportivos pela indústria do fumo, de fumar nos lugares públicos e a divulgação de imagens e frases de advertência nos maços de cigarro.
Pode-se proibir fumar nos locais de trabalho ou diversão, mas não se pode proibir que o indivíduo fume em casa. Por isso, a saída é elaborar um programa nacional de educação. Nenhuma lei é aplicável se não tiver base educacional e nenhum programa educacional funciona, se não contar com o amparo da lei. Legislação e educação constituem um binômio interdependente.
Nossa esperança é que até 2050 tenhamos conseguido conscientizar a sociedade de que fumar é um ato antissocial. Faz mal a quem fuma e a quem convive com o fumante.

José Rosemberg, professor de Pneumologia e um dos fundadores da Faculdade de Medicina da PUC (SP), tem-se destacado no combate à tuberculose e ao tabagismo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

DISTIMIA

Distimia é um tipo de depressão crônica, de moderada intensidade. Diferentemente da depressão que se instala de repente, a distimia não tem essa marca brusca de ruptura. O mau humor é constante. Os portadores do transtorno são pessoas de difícil relacionamento, com baixa auto-estima e elevado senso de autocrítica. Estão sempre irritados, reclamando de tudo e só enxergam o lado negativo das coisas. Na maior parte das vezes, tudo fica por conta de sua personalidade e temperamento complicado.

Sintomas

O principal sintoma é a irritabilidade, mas existem outros:
* Mau humor;
* Baixa auto-estima;
* Desânimo e tristeza;
* Predominância de pensamentos negativos;
* Alterações do apetite e do sono;
* Falta de energia para agir;
* Isolamento social;
* Tendência ao uso de drogas lícitas, ilícitas e de tranquilizantes.

Diagnóstico
O diagnóstico é eminentemente clínico. O dado mais importante a considerar é a manifestação dos sintomas durante pelo menos dois anos consecutivos.
Via de regra, os portadores de distimia desenvolvem concomitantemente episódios de depressão grave. Quando se recuperam, porém, retornam a um patamar de humor que está sempre abaixo do nível normal. A maior dificuldade é que raramente se dão conta do próprio problema. Acham que o mau humor, a falta de prazer e interesse pelas coisas e a tristeza que não dá trégua fazem parte de sua personalidade e do seu jeito de ver o mundo, e quase nunca procuram ajuda.
Diagnosticar o transtorno precocemente e introduzir o tratamento adequado é de extrema importância, uma vez que por volta de 15% a 20% dos pacientes tentam o suicídio.

Prevalência
A distimia pode aparecer na infância ou numa fase mais tardia da vida. O mais comum, porém, é que surja na adolescência. Há evidências de que muitos idosos já tinham manifestado sinais do transtorno na adolescência.
Na infância, acomete igualmente meninos e meninas. Depois, é mais prevalente nas mulheres do que nos homens.

Tratamento
A associação de medicamentos antidepressivos com psicoterapia tem apresentado bons resultados no tratamento da distimia. Isoladamente, um e outro não funcionam a contento. Embora os antidepressivos corrijam o distúrbio biológico, o paciente precisa aprender novas possibilidades de reagir e estabelecer relações inter-pessoais.
A psicoterapia sem respaldo farmacológico é contraproducente, porque cobra uma mudança de comportamento que a pessoa é incapaz de atingir por causa de sua limitação orgânica.

Recomendações
* Se você conhece alguém sempre de mau humor, irritado, pessimista, considere a possibilidade de que seja portador distimia, um distúrbio do humor para o qual existe tratamento, e tente convencê-lo a procurar assistência médica;
* Fique atento: a distimia, assim como a depressão clássica, pode acometer crianças e adolescentes. Às vezes, esses transtornos estão camuflados atrás do baixo rendimento escolar, do comportamento anti-social e do temperamento agressivo que não conseguem controlar;
* Se, nos últimos dois anos pelo menos, seus amigos e parentes têm comentando que você anda de cara amarrada, irritado, descontente com tudo e com todos, esteja certo de que isso não é normal, procure um médico;
* Não subestime os sintomas da distimia. Para aliviar os sintomas, é comum o paciente recorrer ao uso de drogas e de tranqüilizantes. Em 15% a 20% dos casos, surge ideação suicida;
* Não se engane: não atribua ao envelhecimento, a casmurrice, o mau humor e as queixas do idoso que só reclama e não quer sair de casa. A distimia pode acometer pessoas na terceira idade;
* Mantenha a adesão ao tratamento farmacológico e à psicoterapia. Os medicamentos ajudam a corrigir o problema físico e a  psicoterapia, a aprender novas formas de relacionamento.

 Drauzio Varela

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O PODER DA HORTALIÇA "AZEDINHA"


Professores da PUC do Rio Grande do Sul, provam cientificamente que raiz de planta tem 100 vezes mais resveratrol que a uva (veja nossa matéria: Dieta da uva, a fruta milagrosa). A planta chama-se azeda, hortaliça popularmente conhecida no Brasil como azedinha.
Resveratrol é um anti oxidante que ajuda a controlar a homeostase, equilibrando as funções do organismo, influenciando a cura de inúmeras doenças principalmente do metabolismo e referentes ao envelhecimento.
Ideal para diabetes, principalmente do tipo 2, que é mais comum nos idosos e está relacionada ao desequilíbrio homeostático.
O resveratrol ainda melhora problemas dos vasos em geral, atingindo a maioria das doenças da 3ª idade, como circulação, cardiovasculares, pele, retardando o envelhecimento. Também beneficia a coordenação motora, previne a formação de catarata e preserva a densidade óssea.
Estudos publicados numa revista americana mostram que o resveratrol tem o mesmo efeito que uma alimentação com poucas calorias, então o resveratrol ajuda a dissolve-las, sem dieta especial.
A patente já foi vendida para a Eurofarma, com o propósito de produzir o medicamento, mas estes nunca vão substituir o original, feito pela natureza, que é usar de forma natural ou em tinturas, sendo este o efeito mais potente (veja matéria: Como fazer tinturas) da planta, única maneira de tirar com eficiência o princípio ativo da planta que deve está com a raiz, pois é nesta que está a maior concentração da substância.
Você pode começar a experimentar e observar o que acontece.

Fonte: Site Saúde Integral

SONO: Dormiu mal?


O quarto é um lugar sagrado, é onde recuperamos nossas energias. No entanto, o que deve ser um oásis de conforto e aconchego, pode se tornar um espaço de acúmulo de tensões. Segundo a geoterapeuta Sil Berti, o dormitório deve ser o mais sóbrio e clean possível, livre da emissão exagerada de cargas eletro-magnéticas.

"O ideal é não ter TV, computadores e aparelhos eletrônicos, haja vista que a irradiação emitida por estes equipamentos pode fazer com que o nosso cérebro mantenha a frequência alta. O resultado disso é que as pessoas não relaxam e não têm um sono tranquilo e reparador. Acordam mais cansadas do que quando foram dormir. É como se o corpo permanecesse em estado de alerta", adverte.

Sintéticos e tomadas

Entre os sintomas mais freqüentes da influência radioativa estão irritação, estresse, dores de cabeça e no corpo, insônia, entre outros. De acordo com a terapeuta, outra dica importante é utilizar o mínimo de elementos sintéticos em carpetes, colchas e cortinas, que geram eletricidade estática e acúmulo de ácaros.
"Tomadas e fiação devem estar distantes da cabeceira da cama. Celulares e lap tops, nem pensar!", diz Sil Berti. Ela lembra que camas com cabeceiras de metal funcionam como transmissores de corrente elétrica e os colchões de mola precisam ser muito bem balanceados.
"No caso dos colchões de mola, o geoterapeuta verifica com bússolas o posicionamento das molas. Caso estejam desalinhadas, as pessoas podem ter problemas de saúde. Se utilizamos materiais como madeiras ou fibras naturais, conseguimos atenuar os malefícios das correntes elétricas" finaliza.

(*) Com informações da Oficina de Mídia

(BR Press*) Fonte: Yahoo Notícias

sábado, 18 de abril de 2009

TIPOS DE DOR DE CABEÇA - Cefaléias secundárias

CEFALEIAS SECUNDÁRIAS

A dor de cabeça é um sintoma comum em adultos e crianças, sendo responsável por elevado número de consultas médicas, principalmente neurológicas. Os pacientes freqüentemente associam sua dor à possibilidade da existência de uma patologia potencialmente grave, como tumor ou aneurisma intracraniano. Lembrando que apenas o profissional de saúde especificamente treinado poderá oferecer tratamento adequado para sua dor de cabeça, algumas orientações podem ser úteis.

A Sociedade Internacional de Cefaleias divide as cefaleias em dois grandes grupos. O primeiro compreende as cefaleias primárias, aquelas que constituem em si mesmas a doença. O exemplo clássico é a migrânea sem aura, anteriormente denominada enxaqueca comum, e que atinge aproximadamente 16% das mulheres (para ver detalhes, clique em migrânea). O segundo grupo é formado pelas cefaleias secundárias, que fazem parte do cortejo sintomatológico de uma doença qualquer, seja esta primária do sistema nervoso central ou sistêmica.

Embora as dores de cabeça na sua grande maioria sejam primárias, o risco representado por algumas cefaleias secundárias justifica a preocupação de pacientes e médicos. Há médicos que se interessam de forma especial pelo estudo das cefaleias e sendo chamados de cefaliatras. Na grande maioria dos casos, trata-se de neurologistas. Você deveria consultar um desses profissionais, quando:



  1. a dor for de instalação súbita, principalmente se acompanhada a vômitos, tonturas, alterações da consciência, convulsão;
  2. a dor se associa a transtornos neurológicos, como rigidez de nuca, dificuldades para falar, fraqueza ou alterações de sensibilidade em braço, perna ou face;
  3. a dor se associa à febre;
  4. trata-se da “pior dor já experimentada pelo paciente”;
  5. a dor se iniciou após os 50 anos;
  6. a dor tem caráter progressivo, não respondendo mais a analgésicos;
  7. houver aparecimento de uma dor de cabeça nova e diferente daquela já experimentada pelo paciente;
  8. o paciente encontra-se em tratamento de algum tipo câncer ou de síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA);
  9. há história de queda ou trauma de crânio recente;
  10. quando houver abuso de analgésicos, mesmo naqueles pacientes sabidamente portadores de cefaleia primária (uso de mais de 15 comprimidos de analgésicos por mês, nos últimos seis meses). O uso abusivo de analgésicos é a causa mais comum da transformação de dores esporádicas (tipo migrânea) em cefaleia crônica diária. Esta é uma cefaleia secundária de tratamento extremamente difícil, que requer a suspensão de todo e qualquer medicamento sintomático (analgésico, anti-inflamatório) além de orientação por profissional com experiência em cefaliatria.

Um dos mais importantes estudos populacionais sobre dor de cabeça revelou que as cefaleias secundárias mais freqüentes foram as associadas à ressaca alcoólica e a processos febris comuns como as infecções das vias aéreas superiores (rino-sinusites, faringites, amigdalites, etc). Entre as patologias graves que determinam cefaleia secundária, incluem-se as hemorragias cérebro-meníngeas, as meningites, os tumores cerebrais e os hematomas intracranianos.

TIPOS DE DOR DE CABEÇA - Cefaléias primárias



OUTRAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS

Existe um grupo interessante e heterogêneo de cefaleias encontradas no grupo 04 da Classificação Internacional de Cefaleias que ainda são pouco compreendidas e necessitam avaliação cuidadosa com exames de imagem e/ou outros testes apropriados.
O início de algumas dessas cefaleias pode ser agudo e os pacientes afetados são usualmente atendidos em unidades de emergência . A investigação apropriada e completa ( em particular neuroimagem) é indispensável nestes casos. Pacientes que sofrem deste tipo de cefaleia devem procurar um profissional médico que tenha experiência com dores de cabeça para que seja feita uma cuidadosa avaliação. A seguir relatamos as principais características destas cefaleias :



Cefaleia primária em facada: 
São cefaleias de curta duração (03 segundos ou menos), em pontadas, não estão associadas à doenças orgânicas e são encontradas com muita frequência em pacientes portadores de Migrânea (40%) ou Cefaleia em salvas (30%).


Cefaleia primária da tosse:
São cefaleias desencadeadas pela tosse ou esforço abdominal, são usualmente bilaterais e ocorrem predominantemente após os 40 anos de idade. Em cerca de 40% dos pacientes que sofrem de cefaleia relacionada a tosse encontramos patologias associadas e é importante nestes casos a avaliação com exames de imagem (Ex. Tomografia computadorizada do crânio).

Cefaleia primária do esforço físico:
São cefaleias precipitadas por qualquer forma de esforço físico e ocorrem predominantemente em clima quente ou em altitude elevada.


Cefaleia primária associada à atividade sexual:
Cefaleias desencadeadas por atividade sexual, começando geralmente como uma dor bilateral em peso enquanto a excitação sexual aumenta e subitamente tornando-se intensa no orgasmo. Ela pode ser pré-orgástica (antes do orgasmo) ou orgástica (durante o orgasmo).


Cefaleia hípnica:
Crises de cefaleia que sempre acordam o paciente, antigamente chamada de cefaleia do despertador. Ocorrem normalmente pela primeira vez após os 50 anos de idade.


Cefaleia trovoada primária:
Os pacientes descrevem normalmente esta cefaleia como se fosse um raio partindo sua cabeça ao meio, daí o seu nome. É importante nestes caso afastar a ruptura de aneurisma intracraniano com exames apropriados.

Hemicrania contínua:
São cefaleias que ocorrem sempre do mesmo lado da cabeça, diárias e contínuas, sem intervalos livres de dor.

Cefaleia persistente e diária desde o inícios (CPDI):
Este tipo de cefaleia apresenta quadro muito semelhante com a Cefaleia do tipo tensional, porém, pode não ter melhora desde o momento em que surge ou evoluir muito rapidamente para uma dor contínua e sem melhora. É interessante que os pacientes lembram claramente o dia que ela começou.

TIPOS DE DOR DE CABEÇA - Cefaleias em Salvas

As primeiras descrições da cefaleia em salvas datam do século XVII, sendo a mais antiga de 1641. Os aspectos clínicos têm sido abordados na literatura desde a metade do século XIX, sob várias denominações. Por muito tempo, essa forma clínica de dor de cabeça foi conhecida como “cefaleia histamínica” ou “cefaleia de Horton”. O termo cefaleia “em salvas” foi estabelecido em 1979 no Brasil e se tornou a designação oficialmente aceita e recomendada pela Sociedade Brasileira de Cefaleia.

A cefaleia em salvas é considerada rara, quando comparada aos outros tipos de dor primária, porém, este conceito tem sido modificado ao longo dos anos. Hoje, na opinião da maioria dos autores, a cefaleia em salvas é responsável por 6% do total de casos de dor de cabeça. É mais comum em homens, numa razão em torno de 3:1 e pode iniciar-se em qualquer idade, sendo mais comum o início na segunda ou terceira décadas de vida.

A cefaleia em salvas é caracterizada por dor intensa, unilateral, geralmente em torno da órbita, durando de 15 a 180 minutos, se não tratada. Pode ser acompanhada de vermelhidão no olho, lacrimejamento, congestão nasal e queda da pálpebra do mesmo lado da dor. O paciente refere sensação de inquietude ou agitação durante a crise. As crises têm uma freqüência de uma a cada dois dias a oito por dia. É caracterizada pela ritmicidade e por ser freqüentemente noturna, acordando o paciente no meio da noite. Acredita-se que esta dor tenha sua origem no hipotálamo, estrutura cerebral responsável por alguns mecanismos muito importantes para a regulação do corpo humano, incluindo controle temperatura, da regulação hormonal e do sono.

Uma investigação laboratorial do sono, a polissonografia, deverá ser solicitada de acordo com a idade e o índice de massa corpórea (calculado através do peso e da altura) para se avaliar possível concomitância com Apneia do Sono, que caso esteja presente, deverá também ser tratada.

O tratamento é feito durante a salva, ou seja, o período em que o indivíduo fica suscetível à dor, devendo ser suspenso no período livre de dor. O tratamento preventivo consiste em uma medicação que irá evitar o aparecimento da dor e deverá ser tomada regularmente. Deverá ser iniciado tão logo se inicie a salva. O tratamento da crise é para reduzir o tempo de dor e varia desde o uso de medicamentos sublinguais e injetáveis até o uso de oxigênio úmido sob máscara.

O importante é que o diagnóstico seja feito corretamente e que as medidas terapêuticas sejam tomadas precocemente, evitando maior tempo de sofrimento pelo paciente.