segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Medo e Dor

A PSICOLOGIA DO MEDO E DA DOR

J. Landeira-Fernandez e Antônio Pedro de Mello Cruz

Mãos frias e suadas, olhos arregalados, sobrancelhas contraídas, respiração ofegante e coração saltando pela boca. Certamente você já identificou como medo a sensação subjetiva relacionada com tais reações. O fluxo sanguíneo também é alterado em seu curso, sendo redistribuído da pele e das vísceras para os músculos e cérebro. A palidez da face em situações de perigo é um reflexo claro deste fenômeno. A expressão “amarelou de medo” – o melhor talvez fosse empalideceu de medo – muito provavelmente adveio da analogia com esta reação fisiológica. Outro efeito menos aparente é a capacidade do medo suprimir momentaneamente a reação a estímulos nociceptivos (estímulos que deflagram dor). A finalidade deste conjunto de reações, que expressamos desde os primeiros anos de nossas vidas, é mobilizar padrões comportamentais de fuga ou de luta diante de estímulos ambientais sinalizadores de perigo. Outras espécies animais também compartilham dessa habilidade, embora não possamos assegurar que tenham a consciência subjetiva da experiência emocional de medo. Na verdade, estudos contemporâneos sugerem que o cérebro dispara tais reações antes mesmo que possa processar conscientemente os detalhes do estímulo sinalizador de perigo.
O medo origina-se do contato do organismo com dois tipos de sinais de perigo: inatos e aprendidos. Os inatos dizem respeito àquelas situações que ao longo da evolução filogenética foram selecionadas como fontes de ameaça à sobrevivência de uma espécie. Um gato, ou simplesmente o odor deste animal, sinaliza perigo em ratos que jamais tiveram contato prévio com felinos. O mesmo ocorre em macacos diante de cobras e em bebês humanos expostos a altura ou ruídos intensos. Outros estímulos podem passar a sinalizar perigo através de um processo de aprendizagem chamado condicionamento clássico de medo. Isto ocorre quando estímulos aparentemente inofensivos são associados a estímulos aversivos, especialmente aqueles que deflagram dor. Por exemplo, um animal passará a expressar medo diante de um som que tenha sido previamente associado com a apresentação de choques elétricos. Similarmente, crianças podem tornar-se amedrontadas na presença de uma pessoa ou algo que anteriormente lhe infligiu dor ou extremo desconforto. Finalmente, podemos adquirir novos medos, ao longo da nossa história particular, através de determinadas relações sociais também envolvendo aprendizagem do tipo associativa.
Tem sido justamente através da manipulação experimental de medos inatos e condicionados em animais de laboratório e em seres humanos que os neurocientistas do comportamento, uma espécie de grupo de pesquisadores que inclui psicólogos, biólogos, médicos, entre outros profissionais afins, vêm promovendo avanços jamais imaginados no entendimento da participação do cérebro no sistema motivacional de medo. Sabe-se hoje que as relações entre o cérebro e o comportamento seguem um caminho de duas vias. Não apenas o cérebro altera o comportamento, mas também o comportamento altera o cérebro. E isto somente é possível graças à enorme plasticidade das células nervosas ou neurônios que compõem este órgão. O cérebro humano contém cerca de 50 a 100 bilhões destas células, as quais se comunicam entre si através de um processo extremamente dinâmico denominado sinápse. Cada uma dessas células forma entre 1.000 a 10.000 sinápses. Em apenas 1 mm3 de tecido nervoso do córtex cerebral humano existem aproximadamente 100.000 neurônios, formando algo em torno de 1 bilhão de sinápses (existem mais sinápses no seu cérebro do que a quantidade de estrelas na nossa galáxia). Trata-se de uma verdadeira “orquestra sináptica” que dá origem a todos os processos comportamentais ou psicológicos, desde os mais simples, como perceber uma luz ou um som, até os mais complexos como reagir a um estímulo e expressar uma emoção. Sentimos medo de sinais de perigo porque as sinápses envolvendo determinados neurônios respondem de maneira específica na presença destes estímulos. Desta forma, desvendar as principais estruturas cerebrais que são ativadas na presença de sinais de perigo, ou seja, enteder o funcionamento dos principais instrumentos dessa enorme orquestra sináptica que tocam a sinfonia do medo, vem sendo apontado como um grande passo para sabermos como o cérebro sente e reage ao medo. Um desses passos já foi dado nestas últimas décadas com a identificação de estruturas neurais envolvidas especificamente no processamento e transmissão das informações dos sinais de perigo, na organização e expressão das reações fisiológicas e comportamentais a estes estímulos, bem como na consciência da experiência emocional de medo. Este conjunto de estruturas atua de maneira altamente integrada através bilhões de sinápses entre os neurônios que as compõem.

OS CIRCUITOS NEURAIS DO MEDO
Embora os estímulos ambientais que desencadeiam medo em humanos, macacos, ratos ou cães possam ser fisicamente diferentes, eles não apenas são funcionalmente equivalentes, representando fontes de perigo ou ameaça à integridade do organismo, como também ativam um circuito altamente integrado de estruturas cerebrais comuns ao cérebro de mamíferos. Anatomicamente, este circuito cerebral é composto principalmente pela amígdala, hipotálamo e matéria cinzenta periaquedutal mesencefálica. Estimulações elétricas e químicas dessas regiões induzem padrões de comportamento defensivo espécie-específicos, em modelos animais, bem como causam manifestações comportamentais e subjetivas de medo e ansiedade em hu­manos.
O caminho neural do medo segue os seguintes passos. Os estímulos ambientais que sinalizam perigo chegam ao tálamo através de impulsos nervosos. O tálamo é uma estrutura cerebral que funciona como uma agência de correio. Sem saber o conteúdo, ele posta a mensagem e a envia para dois endereços: amígdala e áreas sensoriais do córtex cerebral. A amígdala é uma estrutura em forma de amêndoa, situada no seio dos lobos temporais. É ela quem processa e comanda as reações fisiológicas e comportamentais de medo. Se as sinápses entre os neurônios formam uma orquestra, a amígdala é a maestrina que rege a forma com que reagimos aos estímulos que sinalizam perigo em nosso ambiente. A mensagem proveniente do tálamo atinge os núcleos laterais da amígdala, a porta de entrada desta estrutura. Após detectar a mensagem, a amígdala faz uma leitura tosca, porém fundamental para sobrevivência: você está em perigo! Organiza então uma série de respostas fisiológicas e comportamentais visando a defesa do organismo. Através de seu núcleo central, a porta de saída desta estrutura, dispara uma ordem de comando para duas outras estruturas cerebrais, a matéria cinzenta periaquedutal e o hipotálamo. A matéria cinzenta periaquedutal, situada nas margens do aqueduto que liga o terceiro ao quarto ventrículo cerebral, dispara as reações comportamentais imediatas e típicas de defesa, que se estendem desde uma inibição comportamental até padrões de fuga ou luta. Esta estrutura parece também estar envolvida no controle do conjunto das respostas coordenadas dos músculos da face que caracterizam a expressão facial de medo. O hipotálamo situa-se logo abaixo ao tálamo e corresponde a somente 1% do volume total do cérebro. Mas a despeito de seu tamanho é uma estrutura extremamente importante nas reações de medo. Em particular, o núcleo lateral do hipotálamo envia impulsos nervosos, através da medula espinhal, em direção à porção medular da glândula supra-renal, situada acima dos rins. A medula da supra-renal libera então adrenalina, fazendo todo o corpo trabalhar em ritmo mais acelerado.
E tudo isso ocorre em milionésimos de segundo. Alguns pesquisadores acreditam que o cérebro detecta determinados sinais de perigo e organiza os padrões de fuga/luta antes mesmo que tenhamos a consciência plena do estímulo que nos causou medo. Joseph LeDoux, neurocientista da Universidade de Nova Iorque, ilustra essas interações através de um célebre exemplo: uma pessoa que caminha em uma mata onde pode haver cobras, depara-se inesperadamente com um objeto fino e recurvo, como uma serpente. Imediatamente, todo o conjunto de reações fisiológicas e comportamentais (corporais e faciais) diante daquele sinal potencialmente perigoso é disparado. Tais respostas são coordenadas pela amígdala através de informações provenientes diretamente do tálamo. Porém, alguns milésimos de segundo depois, o excursionista pode se dar conta de que não se tratava de uma serpente, mas sim de um tronco seco retorcido. Este tipo de análise mais refinada é feita pelas áreas sensoriais do córtex cerebral através do seguinte trajeto: os impulsos nervosos que carregam as informações do sinal de perigo chegam ao tálamo, passam pelo córtex cerebral e, de lá, são repassados novamente para a amígdala. Por se tratar de um trajeto um pouco mais longo, essas informações mais refinadas das áreas sensoriais do córtex cerebral, informando não se tratar de uma serpente, levam mais tempo para atingir a amígdala do que aquelas provenientes diretamente do tálamo. De acordo com LeDoux, o balanço entre essas duas informações, uma tosca e extremamente rápida, e a outra um pouco mais refinada, porém mais lenta, apresenta claras vantagens adaptativas para os animais diante de estímulos ambientais que representam fontes de perigo para sua integridade física. É muito mais vantajoso reagirmos pronta e defensivamente a um galho de árvore que nos parece uma cobra do que tomarmos a decisão de fuga ou luta alguns milésimos de segundo mais tarde enquanto a amígdala aguarda informações mais refinadas de áreas corticais. Parece, portanto, que a função do córtex nesse processo é impedir a reação inadequada e não produzir a resposta adequada. Desta forma, as reações emocionais relacionadas ao medo parecem ocorrer de maneira independente dos processos cognitivos ligados ao pensamento e à atividade consciente. Em outras palavras, o reconhecimento e a reação imdiata frente aos sinais de perigo parecem ocorrer na ausência do pensamento consciente, ao passo que a inibição dessas respostas parece envolver processos cognitivos.
A participação da amígdala na organização das reações fisiológicas e comportamentais ao perigo é confirmada por inúmeros estudos. Por exemplo, utilizando-se de técnicas altamente sofisticadas de neuroimagem, como a tomografia computadorizada por emissão de pósitrons, neurocientistas vêm demonstrando que a amígdala é a principal estrutura cerebral ativada na presença de estímulos inatos e aprendidos de medo. Animais e humanos que sofreram lesões na amígdala não mais expressam as reações emocionais de medo. Mais ainda, estudos recentes indicam que enquanto lesões dos núcleos lateral ou central da amígdala abolem o conjunto das reações endócrinas, autonômicas e comportamentais de medo, lesões seletivas daquelas estruturas cerebrais que recebem conexões do núcleo central da amígdala, como a matéria cinzenta periaquedutal e os núcleos lateral e paraventricular do hipotálamo, afetam somente aquele tipo de resposta ao perigo para o qual a estrutura é especializada. Assim, lesões no núcleo lateral do hipotálamo impedem a ativação das respostas neurais mediadas pelo sistema nervoso autônomo, como o aumento da pressão arterial, lesões na matéria cinzenta periaquedutal abolem seletivamente a expressão dos padrões comportamentais aos estímulos de perigo. Parece, portanto, que a função da amígdala é a de sintetizar os vários inputs de estímulos provenientes do meio ambiente, sinalizando para a matéria cinzenta periaquedutal e hipotálamo o grau de perigo ou ame­aça que eles representam para o organismo. Na ausência da amígdala, a emoção de medo está comprometida. Estudando pacientes que sofreram lesões cirúrgicas em determinadas porções da amígdala, Antonio Damasio, eminente neurocientista da Universidade de Iowa, vem demonstrando que estes pacientes perdem até mesmo a capacidade de reconhecer faces humanas que expressam medo ou apreensão. Finalmente, estudos farmacológicos também demonstram que as principais drogas que diminuem estados de medo e ansiedade em humanos atuam justamente na amígdala. Cabe lembrar que a amígdala a que estamos nos referindo é uma estrutura cerebral, não devendo portanto ser confundida com a amígdala rinofaríngea ou tonsila.

A RESPOSTA HORMONAL DE ESTRESSE
Diante do perigo e alguns segundos depois das reações fisiológicas e comportamentais imediatas, outro processo fisiológico entra em cena. Trata-se de uma resposta hormonal regulada pelo hipotálamo paraventricular e córtex da glândula supra-renal. Esta resposta tem sido considerada um capítulo à parte no estudo do medo, sendo usualmente atribuída ao conceito de estresse. Após receber a informação do núcleo central da amígdala sobre um perigo real ou potencial, os neurônios do núcleo paraventricular do hipotálamo dão início a uma série de reações hormonais em cascata. Primeiramente, ativam um mensageiro químico, o chamado fator de liberação de corticotropina, o qual migra em direção à hipófise. Esta glândula libera então na corrente sanguínea o hormônio adrenocorticotrófico ou ACTH, o qual ruma em direção à porção cortical da glândula supra-renal. A chegada do ACTH ao córtex da supra-renal faz com que glicocorticóides e outros hormônios esteróides sejam liberados na corrente sangüínea. Essas substâncias químicas mobilizam várias reações fisiológicas que incluem desde o aumento dos níveis de glicose no sangue, fornecendo fontes adicionais de energia para uma eventual resposta de luta ou fuga, até efeitos sobre os sistemas imunológico e cicatricial a fim de restaurar eventuais danos físicos do organismo. Na verdade, essas respostas de defesa parecem preparar o orgasnismo sempre para o pior: ser atingido por estímulos nocivos e sofrer algum dano físico.
Não estando mais na presença de sinais de perigo ou situações de estresse, os níveis sistêmicos dos hormônios esteróides no organismo tendem a diminir e voltar ao nível basal. Esta regulação é feita por intermédio de um sistema de retroalimentação negativa. Sabe-se hoje que o hipocampo, uma estrutura cerebral em forma de cavalo-marinho e intimamente relacionada à memória, está envolvido nesta regulação. A ligação desses hormônios em receptores esteróides do hipocampo faz com que esta estrutura dispare uma ordem de comando para que o hipotálamo paraventricular não mais libere o fator de liberação de corticotropina. Consequentemente, a glândula pituitária deixa de liberar mais ACTH na corrente sanguínea. Os níveis de ACTH são, assim, regulados pelo balanço de duas forças. Enquanto a amígdala reage aos estímulos de perigo e, através do comando do hipotálamo paraventricular, desencadeia o processo de liberação de ACTH pela pituitária, o hipocampo atua no sentido oposto inibindo a liberação deste hormônio.
O contato contínuo e incontrolável do organismo com sinais de perigo ou fontes de estresse interfere dramaticamente nesse sistema homeostático. Evidências clínicas e experimentais demonstram que o mecanismo de retroamentação negativa, mediado pelo hipocampo, começa a falhar nestas situações. Como a amígdala ainda está detectando perigo, as respostas hormonais em cascata não sessam. É como se o organismo estivesse constantemente preparado para o perigo. Estudos neuroanatômicos demonstram que muitos neurônios do hipocampo degeneram-se em situações de estresse crônico. Isto parece explicar a falha no meacanismo de retroalimentação negativa dos níveis de hormônios esteróides. Como o hipocampo também é uma das estruturas cerebrais mais importantes para o processamento de memórias, a degeneração de parte desses neurônios talvez esteja também envolvida na falha de memória frequentemente observada em sujeitos submetidos a estresse crônico.
A relação da amigdala com o hipotálamo também é muito importante na regulação do funcionamento adequado dos orgãos do nosso corpo. Um mal funcionamento desse sistema pode induzir ou agravar doenças gastro-intestinais. Estudos realizados em nosso laboratório revelam que o hipotálamo lateral participa de forma ativa na formação de úlceras estomacais produzidas por estresse. A estimulação elétrica dessa área é capaz de produzir úlceras estomacais em animais que não foram expostos a qualquer sinal de perigo. Já a inibição dessa mesma região cerebral bloqueia a ocorrência das úlceras produzidas em animais expostos ao estresse. Além disso, a desconexão da comunicação neural entre o hipotálamo e a amigdala, através da transecção cirúrgica dessas conexões, aumentam a formação de úlceras estomacais induzidas pela estimulação do hipotálamo lateral. Dessa forma, o eixo entre a amigdala e o hipotálamo participa de forma ativa doenças de cunho psicossomático como úlceras gástricas, psoríases, hipertensão arterial e distúrbios cardíacos. Finalmente, a regulação do hipotálamo sobre a liberação de hormônios pela hipófise parece também controlar o funcionamento do nosso sistema imunológico. Embora os mecanismos ainda não tenham sido suficientemente esclarecidos, parece existir uma relação entre o sistema neural, responsável pela percepção, reação e consciência do medo, com o funcionamento do sistema imunológico, responsável por nos defender de uma série de doenças oportunistas.

O MEDO INIBE A DOR
As razões pelas quais sentimos dor assemelham-se muito as razões porque sentimos medo. Do ponto de vista filogenético as reações de medo talvez evoluíram como um refinamento de reações mais primitivas de dor. Neste aspecto, a capacidade de sentir dor é tão importante quanto a capacidade de sentir medo: motivar respostas de defesa diante de estímulos que ameçam nossa integridade física. Pessoas que de alguma maneira tornaram-se insensíveis à dor acidentam-se facilmente com cortes ou queimaduras de tecido, ou até mesmo lesões ósseas, simplesmente porque não reagem prontamente aos estímulos nociceptivos.
As informações neurais de dor originam-se em receptores ou terminações nervosas espalhadas na pele, músculos e órgãos internos do corpo. Esses receptores transformam os estímulos nociceptivos (táteis, mecânicos ou térmicos) em impulsos nervosos que são transmitidos ao cérebro (para maiores detalhes, ver Ciência Hoje, novembro-dezembro, 1985). Conforme já mencionado, sinais associados a estímulos nociceptivos são especialmente eficazes em sua capacidade de evocar medo. Importante notar, contudo, que o estímulo doloroso, por si só, não causa qualquer reação de medo. O medo tem origem graças a rápida associação do estímulo doloroso com estímulos ambientais que estavam presentes durante a apresentação do estímulo doloroso. Essa idéia tem sido testada em nosso laboratório através do procedimento de choque imediato. Neste procedimento, um animal recebe um pequeno choque elétrico imediatamente após ter sido colocado em uma caixa experimental. O animal reage prontamente a este estímulo nociceptivo, correndo, pulando e vocalizando. No entanto, após o choque, o animal não apresenta qualquer reação de medo ao contexto ambiental. Por outro lado, se o choque elétrico for apresentado algum tempo depois do animal ter explorado a caixa experimental, não apenas as reações de dor ao choque estão presentes, como também o animal apresenta reações de medo ao contexto ambiental tão logo o choque desapararece. Esses resultados indicam que a reação de medo que se segue a apresentação de um estímulo nociceptivo é produzida pelos estímulos ambientais que estavam presentes antes da apresentação do choque.
Mas as interações entre o medo e a dor não param por aí. Diversas evidências demonstram que o medo suprime momentaneamente a dor. Essa forma de analgesia temporária vem sendo amplamente investigada pelos neurocientistas do comportamento. Em um experimento laboratorial típico para essa demonstração, grupos de ratos são submetidos a algum estímulo nociceptivo moderado, por exemplo o contato de um pequeno faixo de luz concentrada que aquece gradativamente a cauda do animais. Quando esta estimulação atinge o limiar individual de cada rato para a dor, o animal apresenta prontamente um reflexo de retirada da cauda. Registra-se então o tempo que o animal levou para apresentar tal reflexo. Ratos submetidos a esta situação experimental na presença de sinais de perigo inatos ou aprendidos levam um tempo consideravelmente maior para apresentar o reflexo de retirada da cauda. Na verdade, muitos de nós já experimentamos pessoalmente situações semelhantes. Por exemplo, quem nunca se deparou com uma situação de perigo, onde a fuga causou um ferimento que somente foi notado alguns minutos depois? Soldados feridos gravemente em combate relatam que o medo e a vontadade de fugir eram tão grandes que as sensações de dor passaram desapercebidas por alguns instantes.
Em meados da década de 60, Ronald Melzack e Patrick Wall criaram um modelo teórico a fim de explicar como o sistema nervoso sente e controla a dor. Esse modelo ficou conhecido como o modelo da comporta. Resumidamente, o modelo sustenta que as sensações de dor são controladas por um sistema de abertura e fechamento de uma espécie de comporta. Fibras ascendentes quando estimuladas abrem a comporta, levando as informações dolorosas. Outras fibras descendentes, contudo, fecham a comporta, inibindo as sensações de dor. Na década de setenta, outras três descobertas foram muito importantes para o entendimento do sistema de inibição de dor. Primeiramente, foram identificados receptores opióides no cérebro de mamíferos. A morfina, o maior anestésico conhecido pelo homem, liga-se justamente nestes receptores. Chama-se analgesia opióide o tipo de analgesia produzido pelas substâncias que se ligam aos receptores opióides. Em seguida, descobriu-se que o próprio cérebro produz substâncias cuja cadeia química assemelha-se muito a da morfina. Como são produzidas dentro do corpo, foram então denominadas de endorfinas. Possuindo propriedades analgésicas, essas substâncias são liberadas em diversas situações, mas principalmente em situações medo, ansiedade ou estresse. Finalmente, a via inibitória postulada por Melzack e Wall foi anatomicamente identificada no final da década de 70, sendo composta por neurônios que partem da matéria cinzenta periaquedutal, projetam-se nos núcleos da rafe, seguem para a medula espinhal e, ao estimularem um interneurônio, exercem efeito inibitório sobre as fibras que conduzem as sensações de dor. A participação de vários neurotransmisores na regulação desse mecanismo inibitório vem sendo amplamente investigada.
Conjugando essas descobertas ao conhecimento das bases psicológicas do medo, Robert Bolles e Michael Fanselow propuseram, em 1980, um modelo no qual os sistemas motivacionais de dor e de medo são independentes, mas interagem entre si. O modelo, chamado perceptivo-defensivo-recuperativo, sugere que o sistema motivacional de dor, ativado pelos estímulos nociceptivos, deflagra respostas imediatas de retirada e comportamentos recuperativos (repouso e outros cuidados com o corpo). O medo, em contrapartida, ativa comportamentos espécie-específicos de defesa dirigidos frequentemente para a fuga. O medo, ao inibir o sistema motivacional de dor, não interfere no sucesso da fuga quando as de respostas de defesa forem solicitadas.
A impotância biológica da interação entre esses dois sistemas motivacionais sugere que a evolução dotou os mamíferos não apenas de uma capacidade imediata de reação à dor, mas também de sistemas responsávies pela sua inibição. Dentres esses sistemas responsávies pela inibição da dor, destaca-se o sistema motovacional de medo. Vários estudos, inclusive alguns realizados por nosso grupo de pesquisa, apontam para a participação da porção ventral da matéria cinzenta periaquedutal como a principal área de confluência entre esses dois sistemas motivacionais. De fato, estimulações elétricas dessa região cerebral promovem reações de medo bem como uma analgesia suficiente para viabilizar pequenas cirurigias em animais. Os circuitos neurais envolvidos nessa regulação parecem ter o seguinte trajeto: neurônios da porção ventral da matéria cinzenta periquedutal projetam-se no núcleo magno da rafe e seguem até a pontos dorsais da medula espinhal, bloqueando naquele ponto os sinais da dor que chegam ao encéfalo. Embora os neurotransmissores envolvidos nesse mecanismo inibitório ainda não tenham sido totalmente descritos, a serotonina (5-HT), bem como substâncias opiáceas como as endorfinas, encefalinas e dinorfinas, estão entre os principais candidatos.

QUANDO O MEDO É UM TRANSTORNO
O medo pode ser nosso guardião e nosso perseguidor. Isto ocorre quando as reações que nos preparam para a fuga ou luta são desproporcionais aos estímulos que as originaram, apresentam duração excessiva ou então quando ocorrem na ausência de fontes de perigo que as justifiquem. Nestes casos, torna-se claro seu papel desajustador. Os distúrbios de ansiedade, que têm lotado os consultórios de psicólogos e psiquiatras, exemplificam claramente este aspecto. Eles incluem desde fobias até casos de ansiedade generalizada, distúrbio de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo e pânico. As fobias são caracterizadas por medos exagerados e inadequados diante de estímulos aparentemente inofensivos, como lugares altos (acrofobia), fechados (claustrofobia) ou abertos (agorafobia), situações sociais (fobia social), ou mesmo de um simples inseto. A ansiedade generalizada decorre de preocupações excessivas, descontroladas e duradouras (podendo durar meses ou anos) acerca de eventos muito variados. A intensidade, duração e freqüência destas preocupações são desproporcionais à real pro­babilidade de ocorrência do evento ameaçador ou do seu possível impacto. São também acompanhadas de sintomas como fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e distúrbios de sono, mas o sujeito não consegue discernir claramente a fonte de sua ansiedade. O distúrbio de estresse pós-traumático é uma condição debilitante que se segue a um evento traumático, do qual o sujeito não consegue desvencilhar. Seguem-se então lembranças recorrentes da situação, gerando extrema ansiedade. Finalmente, casos de distúrbio obsessivo-compulsivo e pânico têm sido também muito freqüentes. No primeiro, observa-se a recorrência de idéias desagradáveis que são seguidas de comportamentos ou rituais estereotipados, como lavar as mãos sucessivamente a fim de evitar fontes de contágio. O distúrbio de pânico é marcado pela recorrência de apreensões muito intensas e desencadeadas subitamente, acompanhadas de palpitações elevadas, tremores, náuseas, tonturas, sufocamento e sentimentos de pavor e morte iminentes.
Além dos mecanismos de aprendizagem supostamente envolvidos nesses distúrbios, alguns psicólogos e geneticistas sustentam que a ansiedade patológica resulta de uma super-preparação do mecanismo essencial de defesa mediado pelo medo. Embora todos nós estejamos preprarados para reagir com medo diante de determinados estímulos, alguns de nós reagimos com muita intensisidade. A variabilidade genética ao longo da evolução que sofremos desde nossos ancestrais explicaria essa variabilidade. Aquelas pessoas cujos genes determinam essa superpreparação para reagir aos sinais de perigo seriam mais vulneráveis aos distúrbios de ansiedade, em especial às fobias. A possibilidade dos distúrbios de ansiedade apresentarem etiologias e tratamentos distintos também tem sido investigada. Por exemplo, John Deakin, da Universidade de Manchester, e Frederico Guilherme Graeff, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, propuse­ram recentemente uma teoria que ressalta o papel da amígdala e da matéria cinzenta periaquedutal nos distúrbios de ansiedade generalizada e pânico. De acordo com esta teoria, o distúrbio de pânico envolve uma disfunção de serotonina na matéria cinzenta periaquedutal, enquanto a ansiedade generalizada e as fobias estão relacionadas à ativação deste neurotransmissor na amígdala.
A compreensão das bases neurobiológicas das diferenças entre os distúrbios de ansiedade auxiliará não apenas para a implementação de tratamentos farmacológicos mais eficientes, mas também em uma melhor compreensão de porque e como as psicoterapias promovem melhoras nestes pacientes. E neste último caso, as pistas vêm sendo dadas pela constatação nos últimos vinte anos de que as psicoterapias promovem seus resultados porque atuam no cérebro de maneira muito semelhante à farmacoterapia: alterando o padrão de comunicação sináptica entre os neurônios. Um dos estudos mais elegantes a este respeito foi realizado recentemente por um grupo de cientistas liderados pelo norte-americano Lews Baxter. Pacientes obsessivo-compulsivos foram submetidos a dois tipos diferentes de terapia, um deles sendo tratado somente com psicoterapia e o outro tratado somente com farmacoterapia por doses diárias de fluoxetina (Prozac – droga antidepressiva que, curiosamente, mostra-se bastante eficaz em alguns distúrbios de ansiedade). Um terceiro grupo serviu de controle e não recebeu qualquer tipo de tratamento. O funcionamento do cérebro de todos esses sujeitos foi ainda avaliado através de tomografias computadorizdas por emissão de pósitrons. Os resultados mostraram que ambos os tratamentos não apenas produziram os mesmos resultados, melhorando acentuadamente os sintomas obsessivos, como também alteram de forma semelhante o funcionamento de uma determinada estrutura cerebral, o núcleo caudado. Dada a enorme importância da descoberta de que a psicoterapia promove seus resultados sobre determinados transtornos graças à sua capacidade de alterar o funcionamento neural, os mesmos resultados foram mais tarde replicados de forma positiva pelo mesmo grupo de pesquisadores. Resultados como estes são bastante encorajadores para nosso entendimento das bases psicobiológicas do medo e de seus distúrbios. Ressaltam também a necessidade de uma abordagem científica interdisciplinar de temas complexos como o medo e outras emoções.

SUGESTÕES DE LEITURA
LeDoux, J. (1998). O Cérebro Emocional. Rio de janeiro: Objetiva.
Cruz, A.P.M., Zangrossi, H. & Graeff, F.G. (1995). Psicobiologia da Ansiedade. Em: B.P. Rangé (Ed.) Psicoterapia Comportamental e Cognitiva. Campinas: Psy, p. 301-312.
Damasio, A. (1996) O Erro de Descartes. Companhia das Letras.
Landeira-Fernandez, J., & Cruz, A.P.M.(1998). A interpretação psicobiológica da clínica psicológica: Por que a psicoterapia funciona? Por que psicoterapeutas devem ter o direito de preescrever drogas psicotrópicas? Cadernos de Psicologia , 9, 120-145.

Landeira-Fernandez, J. Context and Pavlovian Conditioning. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 29, 149-173, 1996.

NOTA SOBRE OS AUTORES

  • Antonio Pedro de Mello Cruz: Professor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. Graduou-se em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É mestre e doutor em Psicobiologia pela Universidade de São Paulo- Ribeirão Preto e pesquisador do CNPq.
  • Jesus Landeira Fernandez. Professor Assistente-Doutor do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Diretor dos cursos de Psicologia da Universidade Estácio de Sá. Graduou-se em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É PhD pela Universidade da Califórinia (UCLA) e pesquisador do CNPq.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

MASSAGEM

Quais os efeitos reais da Massagem?


Em sua opinião o se pode definir como massagem? Alguns podem dizer que seria passar um deslizante sobre a pele, outros alegariam que são movimentos de vai e vem, com ou sem pressão. Até mesmo que massagem tem que doer ou deixar hematomas, pois senão não haverá nenhum efeito.
A Massagem, muitas vezes é menosprezada, por se achar que máquinas ou equipamentos são melhores, ou é substituída por outros métodos mais fáceis de serem praticados, ou inventa-se algo parecido com Massagem.
A própria prática da massagem se confunde com a historia da civilização humana, pois várias culturas de diferentes paises e diferentes épocas possuem alguma forma de massagem. A partir do século XIX, profissionais das áreas de medicina, enfermagem, fisioterapia, educação física, entre outras ligadas à saúde, começou a demonstrar interesse pela prática da massagem, dando assim novos rumos e bases de anatomia e fisiologia, tão importantes para a perfeita prática e compreensão dos efeitos da massagem. Mas com isso também começou a surgir problemas, pois alguns achavam (e continuam achando) que fazer Massagem é simples, e não precisam ter muitos conhecimentos, passando então a deturpar a Profissão de Massagista ou Massoterapeuta.



DEFINIÇÕES DE MASSAGEM
A prática consciente e profissional da massagem depende do profissional ter um bom entendimento em anatomia e fisiologia.


Nada pode substituir as mãos, pois alem dos estímulos reflexos que se consegue com o paciente, tais como aumento do retorno venoso e linfático, ainda pode haver interação com o SNA, proporcionado alivio e bem-estar para o paciente, podemos ainda contribuir com a amplitude articular, e o alongamento passivo.


Aqui citamos algumas definições da massagem:


  • Dicionário Médico 1886 (THOMA’S MEDICAL DICTINARY): massagem palavra originada do grego quer dizer amassar;

  • Conceito Americano 1900: é um termo novo amplamente aceito na Europa e América para determinar um grupo de manobras feitas com as mãos como: a fricção, amassamento, manipulação dos tecidos do corpo com objetivo curativo ou até apenas paliativo;

  • John Coulter 1932: De acordo com o conceito atual a massagem inclui um grande número de manipulações dos tecidos e órgãos com fins terapêuticos;

  • Gertrude Beard 1952: massagem é o termo usado para designar certas manipulações dos tecidos moles do corpo; estas manipulações são mais eficazmente aplicadas com as mãos e administradas com o propósito de produzir efeitos sobre o sistema nervoso, muscular, respiratório e circulatório sangüíneo e também linfático.
Essas são algumas definições da massagem, que encontramos em vasta literatura, mas, poderemos definir a massagem da seguinte forma:
“MASSAGEM É TODO E QUALQUER MOVIMENTO FEITO COM AS MÃOS, MAS NEM SEMPRE (podem ser usados os pés, cotovelos, etc.), QUE VISA A MANIPULAÇÃO DE DETERMINADOS TECIDOS CORPORAIS (fáscia, camada adiposa, etc.) COM FINS ESTÉTICOS OU TERAPÊUTICOS, PROMOVENDO UM AUMENTO DA CIRCULAÇÃO DE RETORNO SANGUÍNEA OU LINFÁTICA, ALIVIO E BEM ESTAR GERAL.”

EFEITOS FISIOLÓGICOS DA MASSAGEM

1. EFEITOS SOBRE A PELE
Alguns autores comprovaram que a massagem atua de forma direta sobre as camadas superficiais da epiderme, tornando mais eficaz a função das glândulas sebáceas e sudoríparas e outros efeitos:

• Melhora a permeabilidade dos poros;
• Melhora a micro-circulação;
• Aumenta a hidratação da pele;
• Aumenta a elasticidade da pele e de estruturas abaixo desta;

Rosenthal observou que a massagem aumenta a temperatura cutânea de 2 a 5 graus através de efeitos mecânicos diretos e de efeitos vasomotores indiretos.
Atua ainda sobre as terminações nervosas sensitivas, diminuindo sua hipersensibilidade, aliviando assim algumas dores. Nas fraturas, após a retirada do gesso, a massagem atua provocando descamação das células mortas. Nas aderências e cicatrizes, os movimentos de fricção são úteis para diminuí-las.

2. EFEITOS NA CIRCULAÇÃO SANGÜÍNEA

Mennel: “A pressão da massagem em direção da circulação venosa é comparável com o ato de comprimir qualquer tubo elástico fazendo esvaziar seu conteúdo líquido”.
A massagem pode atingir a circulação de 2 modos:
a) Efeito Mecânico – feita no sentido centrípeto auxilia a circulação de retorno venoso e linfático;
b) Efeito Reflexo – provoca a contração das fibras musculares lisas das paredes dos vasos.

A pressão ligeira provoca uma dilatação dos vasos de forma imediata e fugaz. A pressão intensa prolongada produz dilatação mais duradoura.
A massagem melhora a circulação cutânea, principalmente artérias e veias superficiais e capilares linfáticos; ajuda o intercâmbio de líquidos tissulares da epiderme; aumenta a nutrição dos tecidos e
elimina produtos de fadiga e inflamação.
Teoricamente a massagem poderia aumentar a quantidade de sangue venoso que chega ao coração, a freqüência do trabalho cardíaco e também poderia aumentar a quantidade de sangue arterial que chega a periferia.









ANTES e DEPOIS









ANTES e DEPOIS












4. EFEITOS SOBRE A CIRCULAÇÃO LINFÁTICA

Nos capilares linfáticos da pele e tecido subcutâneo, a linfa pode mover-se em qualquer direção (Földi, M.2000). Seu movimento depende das forças externas do sistema linfático (gravidade, contração muscular, movimento passivo e massagem). Se houver obstrução em qualquer parte dos vasos linfáticos profundos, ainda é possível manter os vasos linfáticos superficiais abertos, e se a parte é massageada e lhe é oferecida à oportunidade de drenar pela gravidade (a linfa se moverá através dos canais).
Lodd, Kottke e Blanchard (1986) ao comparar os efeitos da massagem, movimentação passiva e estimulação elétrica sobre a velocidade da linfa nas coxas de 15 cães, verificaram que a massagem foi
significativamente mais importante nesta série de animais. Bell recomendou o uso de massagem para o tratamento de edema de fraturas, em vista de seu efeito sobre o fluxo venoso e linfático.
A massagem deve ser feita com o paciente bem relaxado; se não houver relaxamento muscular, a luz dos vasos sangüíneos e linfáticos fica reduzida e a circulação não pode ser integralmente influenciada pela massagem.

5. EFEITOS SOBRE O TECIDO MUSCULAR

A literatura referente aos efeitos da massagem contém um número relativamente grande de afirmações positivas e implicações sobre o efeito da massagem no tecido muscular, em comparação com os seus efeitos sobre outros tecidos e sistemas de organismo.

a) Músculos Normais:
Kellog: “A massagem produz verdadeiro aumento de volume das estruturas musculares. Também faz com que o músculo fique mais firme e elástico”.
Despard: “A massagem melhora a nutrição de músculos e, portanto promove seu desenvolvimento”.
McMillan (1945) “Os músculos se fortalecem e crescem mediante manipulação”.
Autores modernos concordam que a massagem não aumenta a força muscular, mas aumenta a circulação sanguínea e linfática, assim sendo o músculo em questão receberá um maior aporte de sangue oxigenado, e ai sim terá maior resposta as atividades que esta executando.
Mennel: “A força muscular pode ser desenvolvida somente pela contração muscular e nenhuma forma de massagem tem influência há não ser indiretamente. A massagem pode ser útil possibilitando ao músculo realizar mais exercícios e assim desenvolver sua força”.
Rosenthal e outros demonstram que o músculo fatigado por trabalho ou estimulação elétrica, recupera-se muito mais rapidamente mediante aplicações de massagens do que por meio de repouso.
Nordschow e Bierman, concluíram que “a massagem manual pode causar relaxamento dos músculos voluntários”.
Alguns autores afiram que a massagem aumenta o tônus muscular, mas isto não está comprovado experimentalmente ( Cassar, M. P.1998).

b) Músculos Lesionados:
Castex provocou lesões por amassamento em músculos de animais.
Aplicou massagem em um grupo e em outro não.

Os músculos não tratados apresentaram:
1 - Dissociação de fibras musculares;
2 - Hiperplasia com engrossamento do tecido conjuntivo;
3 - Aumento do número de núcleos do tecido conjuntivo;
4 - Hemorragias intersticiais;
5 - Aumento diâmetro dos vasos;
Nos músculos tratados, houve:
1 - Músculos com aspecto normal;
2 - Sem bandas fibrosas separando fibras musculares;
3 - Sem engrossamentos fibrosos ao redor dos vasos;
4 - Em geral o volume muscular era maior;
5 - Sem sinais de hemorragia.
6 - Sarcolema intacto.

c) Músculo Desnervado
Foi muito utilizada a massagem sobre o músculo desnervado, mas pouco se sabe sobre a sua atuação.
Chor e Dolkart (1990) estudaram a atrofia muscular por desuso e a atrofia de músculos desnervados. Observaram que a atrofia que se produz em um músculo esquelético que não está em uso é lenta e se acompanha de mudanças estruturais muito simples. A atrofia consecutiva à secção nervosa ou lesão das células do corno anterior da medula espinhal é maior do que a resultante da falta de uso. Eles consideraram inevitável a atrofia e degeneração dos músculos esqueléticos desnervados e logo comprovaram que a massagem não previne a atrofia depois de um período de seis semanas, mas graças ao seu efeito inibidor sobre a formação de tecido fibroso permite aos músculos normalizarem-se com mais rapidez depois de restabelecer sua inervação.

d) Fibroses e Contraturas:
A fibrose ocorre em músculos imobilizados, lesionados ou desnervados e pode provocar contraturas. O músculo se encurta por falta de elasticidade do tecido fibroso e por formação de aderências entre as capas de tecido conjuntivo. É possível que a massagem ao exercer tensão sobre o tecido fibroso previna a formação de aderências e quebre pequenas aderências já formadas. Através de amassamento e fricção.
O QUE SE VISA ALCANÇAR ATRAVÉS DA MASSAGEM É MANTER OS MÚSCULOS NO
MELHOR ESTADO DE NUTRIÇÃO, FLEXIBILIDADE E VITALIDADE PARA QUE
DEPOIS DA RECUPERAÇÃO DO TRAUMA OU DOENÇA, O MÚSCULO POSSA FUNCIONAR
NO SEU MÁXIMO.


6. EFEITOS SOBRE O TECIDO ADIPOSO

É o tecido que se acha logo abaixo da pele, vasos sangüíneos e linfáticos circulam em sua superfície. É constituído de fibras elásticas e células conjuntivas. A massagem sobre este tecido repara os males causados pela insuficiência circulatória (varizes e celulite).
Neste tecido a massagem deverá ser um pouco mais enérgica, mas nunca com força exagerada, pois poderá haver hematomas, e uma massagem em que o paciente apresentar hematomas, foi mal feita (Wood & Domenico), pois ocorreram rupturas de vasos sanguíneos e capilares linfáticos e isso só vai prejudicar o trabalho do profissional, acarretando muitas vezes na perda do paciente.
A espessura do tecido celular subcutâneo é variável, dependendo da maior ou menor quantidade de gordura localizada no paciente.
A massagem no tecido celular subcutâneo adiposo localizado facilita mobilização de líquidos corporais, aumentando assim em alguns casos, a diurese e o trabalho intestinal.
Muitos profissionais, afirmam que a massagem pode “queimar” gorduras, esses profissionais apenas deturpam os conhecimentos de anatomia e fisiologia, pois a massagem não “queima” gordura. E na literatura médica séria (Guyton 2002 e Jacbson 1988) não há menção de algo desse tipo, a única forma de “queimar” gorduras é fazer um sério trabalho de reeducação alimentar e exercícios físicos, neste caso, sim a massagem poderá auxiliar numa desintoxicação, e melhorar a auto-estima do paciente.
Krusen (1941) sustentou que a observação clínica e tentativa de eliminação, de gordura com massagem foi falho, o que se conseguiu foi somente pequenas hemorragias nas regiões submetidas ao tratamento.
Estudos microscópicos das áreas massageadas não revelaram nenhuma alteração na gordura, segundo Wrigth, Kalb (1975) somente pequenas hemorragias subcutâneas.

7. EFEITOS SOBRE O OSSO
Key e Cols realizaram massagem durante 10 min. 2 vezes ao dia, durante seis semanas em paciente e não notaram nenhuma alteração em relação a outro indivíduo com a mesma atrofia óssea local.
A massagem é usada amplamente para tecidos moles ao redor da fratura, pois esses tecidos acabam criando fibroses e contraturas que poderão limitar os movimentos da região afetada, e poderão apresentar edemas, que com o uso criterioso de algumas técnicas de massagem poderão diminuir e assim o paciente terá uma recuperação mais rápida e com menos dor.
Mack (1990) relatou: “algumas investigações recentes tendem a mostrar que o calo ósseo é formado seguindo a linha de novos vasos sangüíneos formados no foco de fraturas; em conseqüência, tudo que intensifique a circulação na área da fratura, sem produzir deslocamentos dos fragmentos, deve ajudar a deposição de ossos”. Neste caso uma massagem leve poderá ser de auxilio, pois aumentando a circulação ocorrerá uma melhor organização dos novos vasos sanguíneos que estão se formando e redução do edema que muitas vezes acompanham uma fratura.

8. EFEITOS SOBRE O METABOLISMO

Curthbertson e seus experimentos demonstraram:
a) A excreção de urina aumenta, sobretudo após uma massagem abdominal;
b) A excreção de ácidos e o equilíbrio ácido-básico do básico do sangue não se alteram;
c) A excreção do nitrogênio, fósforo inorgânico e cloreto de sódio aumentam;
d) Em pessoas normais não há efeito sobre o consumo basal de O2 na freqüência cardíaca ou pressão arterial.

Rosenthal concluiu que o efeito cumulativo sobre os diversos processos metabólicos se deve à sua influência sobre a circulação das regiões em que se aplica.

9. EFEITOS SOBRE O SISTEMA NERVOSO

Chor e Cols comprovaram que a massagem e o exercício passivo não influem no grau de regeneração de um nervo periférico seccionado e suturado.
Von Mesengeil comprovou clinicamente que a dor causada por massagem intensa diminui de forma gradual à medida que se continua o tratamento por algum tempo.
O efeito sedativo geral é fácil de demonstrar e Mennell afirmou que “provavelmente atua sobre o sistema nervoso central em forma local sobre os nervos sensitivos e talvez motores”. A massagem aplicada de forma enérgica tem ação estimulante e excitante.


10. EFEITOS NOS PULMÕES

Cyriax(1950 & 1990) relatou que as técnicas de percussão, combinadas com drenagem postural podem deslocar o material mucoso e muco-purulento dos brônquios, e que a gravidade e vibração ajudam a mover as secreções da periferia insensível do pulmão para a área em que o reflexo de tosse está presente.

11. EFEITOS SOBRE O ABDÔMEN

Causa excitação sobre os centros nervosos melhorando o peristaltismo dos intestinos; auxiliando assim a absorção dos nutrientes a nível intestinal, bem como na evacuação do bolo fecal, ajudando também a combater a prisão de ventre (Cassar, 1998; Wood & Domenico, 1998).


12. EFEITOS PSICOLÓGICOS DA MASSAGEM

A atenção concentrada do massagista para o paciente, combinada com a sensação física agradável freqüentemente estabelece uma relação de confiança entre o massagista e o paciente que revela suas inquietações. O massagista deve ser cuidadoso em prevenir que não se crie dependência entre paciente e profissional.
13. LIGAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO COM A MASSAGEM
A massagem além de exercer efeitos sobre todos os sistemas do corpo, a massagem também atua sobre o sistema nervoso. Os efeitos neste caso são reflexos, e o efeito reflexo da massagem é o seu efeito mais importante para nós.
Todas as manobras efetuadas na pele ativam o sistema nervoso periférico, que se inter-relaciona com o sistema nervoso central, além disso, a massagem também envolve o sistema nervoso autônomo e neuro-endócrino.

Mecanismos neurais:
Nosso corpo, durante as atividades diárias fica exposto a vários fatores que exercem um determinado estress físico ou psíquico, e que provocam determinadas reações reflexas e involuntárias envolvendo assim o sistema nervoso autônomo e os nervos motores.
Os chamados estressores são de quatro tipos: químicos, físicos, emocionais e congênitos.
A massagem envolve alguns efeitos reflexos, como falado anteriormente, veja alguns:
  1. Mecanismos reflexos reduzem a atividade simpática, e promovem a vasodilatação no local da massagem;
  2. Aumento da circulação local e sistêmica, incluindo a atividade dos gânglios parassimpáticos que é aumentada;
  3. Com a melhora da circulação, ajudaremos o organismo a se recuperar, reduzir o espasmo muscular e aumentamos tanto a amplitude articular como a elasticidade dos tecidos conjuntivos;
  4. Iremos verificar também um equilíbrio geral de todos os sistemas do organismo, especialmente sobre o sistema nervoso simpático e parassimpático.
Agora que já temos uma noção de como a massagem funciona, a nível do sistema nervoso, vejamos como atua sobre os neurônios que formam o sistema nervoso, que são de três tipos:
  1. Neurônios aferentes (sensoriais): transmitem as informações coletadas nos tecidos e órgãos do corpo para o SNC;
  2. Neurônios eferentes (motores): conduzem as informações do SNC para os músculos ou glândulas corporais, que irão receber e reagir segundo o impulso enviado. Os axônios e neurônios aferentes e eferentes formam os nervos espinhais que parte da medula espinhal para todo o corpo;
  3. Interneurônios: são eles que formam as conexões entre os outros neurônios.
    Na pele onde, praticamente são feitos todos os nossos trabalhos manuais, existem ainda os receptores cutâneos que são de vários tipos, esses receptores reagem há varias sensações, e se agrupam entre 7 a 500 por cm², dependendo da sua localização.
Efeitos reflexos da massagem sobre a circulação sangüínea.

Muito se tem falado sobre massagem em patologias circulatórias, vamos explanar um pouco sobre estes problemas e como a massagem pode ajudar se for o caso de aplicá-la.
Devemos ter em mente que a massagem ativa a circulação de retorno venoso e linfático, auxiliando assim na redução de edemas e dores nos membros inferiores.
Algumas vezes o problema venoso é ocasionado por um longo período em pé ou por outros problemas de saúde, mas vejamos o mais casual.
A compressão e alongamento excessivo de alguns músculos poderão ocasionar um "esmagamento” de vasos sanguíneos, levando assim a um déficit de circulação de retorno levando assim a varizes ou varicoses.
A massagem para aumentar o retorno venoso tem que ser lenta e superficial ao longo do trajeto dos vasos, se nenhuma patologia for localizada, facilmente se nota a redução do edema e logo se obtém um alivio do cansaço e dores.
Com o aumento do retorno venoso, é criado um espaço para o fluxo arterial na mesma região, já que um sistema percorre junto ao outro.
A massagem dos tecidos superficiais e profundos exerce um efeito reflexo sobre os músculos não estriados das arteríolas, e proporciona uma resposta vasomotora e tonifica as fibras musculares lisas desses vasos.
Vários estudos realizados mostram que a massagem pode ajudar na fluidez e na viscosidade do sangue.
A hipótese para isso poderia ser que como a massagem age no SNA simpático e relaxa os capilares sangüíneos aumenta o fluxo de hemodiluição, contribuindo para o aumento do volume de plasma em circulação.

Efeitos reflexos da massagem sobre a circulação linfática.

A linfa flui constantemente do espaço intersticial para os vasos coletores mais profundos, que são segmentados, recebendo o nome de linfângios. São os linfângios que direcionam a linfa para a circulação venosa, todos eles possuem válvulas para que a linfa não tenha um refluxo e prejudique a circulação linfática, já que seu fluxo é unidirecional. Esses linfângios são de diversos tamanhos que variam de 1 mm nos membros até 15mm no ducto torácico. Eles irão movimentar a linfa a uma taxa de 1-2 ml por minuto, levando assim cerca de 3 litros de linfa por dia para o ducto torácico.
Já mencionamos quais os mecanismos que movimentam a linfa em outro artigo, sugiro que consultem.
A ação da massagem também pode influenciar o fluxo linfático, pois uma congestão nos capilares sanguíneos acaba por obstruir os capilares linfáticos e vice-versa, e uma massagem lenta e superficial poderá auxiliar na micro-circulação de retorno venoso e reduzir a pressão hidrostática evitando então o edema.
Fonte: site Fisio Vitae

Psicobioenergética

A psicobioenergética é a pesquisa e aplicação terapêutica da energia mental e biocelular, seus resultados no equilíbrio físico e psíquico, bem como a sua utilização na matéria, localizada em dimensão e tempo espaço definidos pelo seu aplicador.

A Psicobioenergética , evidenciada através das pesquisas com a Kirliangrafia, é uma disciplina científica, surgida na Rússia ná 60 anos. Se destina à obtenção da paz interior, à conquista do poder de memória, multiplica a resistência às doenças e canaliza a paranormalidade transformando-a em habilidades.

Ela possui função terapêutica sobre as disfunções bioenergéticas, auxiliando o fortalecimento do sistema imunológico do indivíduo, promovendo a regeneração e reposição celular sadia, fortalece energética e fisicamente a pessoa; e a organiza para responder mais rapidamente às invasões perversas do ambiente ou desenvolvimento celular anormal.

Assim como, interfere nas moléculas dentro da interface homem-mente-matéria, agindo pontualmente no objetivo e intento do aplicador. É o homem interferindo em um ser cósmico que permeia todo o espaço existente, e este gerando energia e armazenando informações para uso do homem em qualquer situação e contexto.

A prática também pretende restaurar os níveis de vitalidade e desta forma estabelecer o equilibrio.

Entende-se como profissional de terapias orientais todos aqueles que trabalham com as seguintes técnicas orientais e psicobioespirituais (mente, corpo e espírito):

1 - Moxaterapia
2- Auriculoterapia
3 - Seitai
4 - Acupuntura
5 - Chi kung
6 - Ventosas
7 - Tui Na
8 - Reiki
9 - Tai Chi Chuan
10 - Shiatsu
11 - Reflexologia (pés e mãos)
12 - Entre outras técnicas orientais e psicobioespirituais ou psicobioenergéticas afins.

É a bionergologia associada a visão humana e transformando tudo e todos, livre de conceitos, normas , éticas, mas provida de Amor incondicional e perdão perenes.

A Psicobioenergética considera todas as dimensões da constituição do ser humano, sob a ótica da partícula de bóson (Bósons são partículas que possuem spin inteiro e obedecem à estatística de Bose-Einstein). Ou seja, a mente cria o pensamento do que deseja, a visão interliga os spins quânticos formando a rede neural necessária a esse pensamento, e o cérebro através da armazenagem estabelece a disposição geral dos dados de um registro, indicando a ordem, as normas de codificação e formatação dessa rede, promovendo o abastecimento da matéria que a vista humana crê. Partimos do ponto de que o ser humano é formado por três forças básicas, energia conscencial, energia vital, e energia protéica . Elas interagem em nível celular resultando , disto, a psicobioenergia. Quando as três primeiras energias estão eqüalizadas entre si e fisiologicamente metabolizadas pelo corpo humano, podemos dizer que o indivíduo se encontra saudável em nível bioenergético. Entretanto, quando o emocional através de um fato ou sentimento promove uma descompensação, o processo de somatização ocorre e a doença, tanto física quanto mental, surge.

E, como a matéria é expressão da energia em diferentes condições de vibração e velocidade, a energia mental também se manifesta conforme as variações da corrente ondulatória freqüêncial, em corpúsculos da matéria mental., preenchendo a ferramenta de molde do corpo ou objeto em foco.

A medicina contemporânea enquadra-se aos atuais modelos newtonianos de medicina, onde considera-se que a fisiologia e o comportamento psicológico do ser humano dependem da maquinaria estrutural do cérebro e do corpo. Desde Newton as analogias mecânicas têm se mostrados muito úteis para explicar o comportamento do mundo físico.

Existe um aspecto da fisiologia humana que a medicina cartesiana mecanicista ainda não compreendeu ou reluta em reconhecer, que é a conexão invisível entre o corpo físico e as forças sutis do inconsciente e que detém a chave para a compreensão dos relacionamentos internos entre a matéria e energia. Nesse momento é que entra a Psicobioenergética terapêutica.

Apesar de um processo simples, a psicobioenergética requer mudanças de alguns conceitos e hábitos, e, em virtude disso, é que se faz necessário o curso um pouco mais extenso., onde entramos em física quântica, religião, física nuclear, dogmas, vidas paralelas e visão.